domingo, 3 de julho de 2011

olha pra mim

Das tantas vontades e taras sexuais, tenho certeza que o exibicionismo e o voyeurismo são as mais comuns. Todo mundo quer ver o que o outro faz entre quatro paredes.  Porque é excitante, porque nos faz sentir mais normais, porque nos dá novas idéias, porque inspira.


E alguns - aqui não arrisco dizer o porquê - querem também ser vistos.

Ocorreram-me nessa vida duas chances de passar por experiência em que eu poderia ver e ser vista – ou quase isso. Não necessariamente enquanto fazia sexo, embora eu pudesse fazer, caso quisesse. 


A chance de ser visto sempre existe, mas falo aqui de situações propositais. 

Na primeira vez, perdi o foco e não me dei conta de toda a situação. Foquei em mim e em quem estava comigo e preferimos sair de cena.

Na segunda vez misturamos propositalmente inocência e curiosidade e demos um jeito de não saber o que nos esperava, já tendo certeza de como aquilo poderia terminar.

Eu estava em uma dessas casas noturnas com dark room, aquele lugar escuro onde as pessoas entram e deixam o pudor do lado de fora.  E como eu tinha uma boa companhia, e umas duas doses de vodka, achei que poderia ser bom. Ele aceitou a proposta.

O dark room em questão tem forma de labirinto. Há várias salas onde é possível conseguir certa privacidade, limitada pelas portas sem tranca e pelos buracos na parede.

A idéia inicial era ficar em um cantinho, nós dois. E assim foi até que, enquanto uma das mãos dele estava na minha nuca e a outra na minha cintura, havia uma terceira mão na minha coxa. E uma mão que não era minha na cintura dele. 
O primeiro reflexo foi desviar de tudo. Só o primeiro. Depois, o que acontecia entre nós dois ficou tão interessante que as coisas externas - as mãos, os olhares - viraram apenas um detalhe divertido. E quem quisesse ver, que visse. E quem quisesse tocar, que tocasse. Era como se, estando naquele jogo, fosse falta de respeito privar terceiros e quartos de uma coisa tão boa.
O jogo parou antes do fim. As luzes se acenderam e nós rimos. 
E eu descobri que estou mais para exibicionista do que para voyeur. Gosto de ser vista, ainda que seja no escuro, ainda que eu não veja o rosto de quem me observa.

2 comentários:

Anônimo disse...

deixa eu te ver?

Anônimo disse...

fico imaginando a cena e cada detalhe dela, que delicia