terça-feira, 28 de junho de 2011

desconhecido

A primeira imagem que surge diante dos meus olhos é a janela. Minha janela. Meu quarto; e a sensação é de alívio. Atrás de mim, quase na minha nuca, sinto a respiração. Ainda diante de mim, bem embaixo da janela, está a prova do crime: minha calcinha. É o que minha vista alcança: minha janela e minha calcinha. A memória se esforça para, a partir de então, compor a cena: o antes, o durante.

A festa. O rapaz de branco. De branco, com um copo na mão e me olhando. Nós dois em um banheiro que não tinha luz. Eu tentando ter certeza de que a porta estava trancada. A mão na minha cintura, a pressa, o riso. Meu sapato no chão. A caminhada até a minha casa.  Eu acordando na minha cama.

A mão na minha cintura me encoraja. Viro, arrumo meus cabelos. Os olhos dele já estão abertos. Castanhos. Bonitos. Ele sorri um sorriso lindo. E me beija. Sorrio de volta, agradecida. Aliviada.

A primeira vez em que se acorda com receio de olhar para a pessoa ao lado é mesmo inesquecível.

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